existe uma universalidade em todos os nossos gestos,
em cada um dos menores movimentos dos nossos cilios.
os edificios me fizeram construir este pensamento.
o pensamento de que não há nada mais humano do que eles e,que nada há mais concreto do que isto.
deve-se escolher a vitima de acordo com a morte, do contrario, corre-se o risco de ter seu próprio pescoço enrrolado por fios invisiveis aos olhos de deus.
ele esperava por ela todas as noites imaginava a moça subindo a rua,contornando a praça,tentando encontra-lo,com medo de perde-lo. ele olhava o relógio,ela ia mais depressa com seu vestido rodado,seu sapato alto de veludo azul ele abria a janela e ascendia um cigarro,buscava por ela (imaginava um vestido amarelo subindo as escadas) e nesta hora as outras mulheres falavam dele -O homem triste e ele era triste. esperou por esta moça toda a vida e sempre,sempre depois de cada noite ele encontrava outro dia.
todos os andares são iguais,ninguem se jogou de nemhum prédio homens nunca são iguais,morrem afogados como os peixes prédios podem ser aquarios se fechar-mos todas as janelas peixes saem pelas frestas,morrem como mulheres aquarios podem ter janelas, peixes só saem pelas frestas crianças não entendem nada,morrem de velhas como velhos
já não pensava mais em tudo aquilo,apenas não queria voltar agora. queria ficar ali,parada. talvez,ela esperasse por um chamado. os fios estavam cortados há duas semanas,chovia. mas,ela não saía do lado do poste telefonico. suas mãos tinham a leve contração de seus labios. as vezes o senhor, com um guarda-chuva,tentava leva-la para o abrigo. ele se preocupava com a moça,com a chuva,era um senhor que realmente se preocupava. ele era um destes que morrem do coração. mas,ela não escutava,não parecia dar a minima.havia qualquer coisa de determinado nela. por fim,ele trouxe pra ela um casaco com capuz..um destes casacos de morte. ela o vestiu com indiferença e continuou ali,na chuva,sem dizer nada. só não queria falar agora,queria ficar ali.. parada. não passava de uma mulher que iria morrer;era indiferente.